Renato Mauricio Prado: “Não dá pra levar a sério técnio que escala Vidal”
Arturo Vidal foi um grande jogador. Craque de uma vitoriosa seleção chilena (dirigida por Jorge Sampaoli), brilhou no Colo-Colo, no Bayern Leverkusen, na Juventus, no Bayern de Munique, no Barcelona e, já veterano, ainda teve seus lampejos, na Inter de Milão.
Daí, aos 34 anos, veio para o Flamengo. Onde jamais justificou sua contratação, conquistando os títulos da Copa do Brasil e da Libertadores como opaco coadjuvante. Este ano, então, é constrangedor vê-lo em campo. E inadmissível que um treinador continue a escalá-lo.
É compreensível que Sampaoli tenha carinho especial pelo veterano moicano, afinal foi com ele como líder da seleção chilena que ganhou uma Copa América, em 2015, superando Argentina e Brasil, os bichos-papões do continente. Aquele Vidal, entretanto, não existe mais.
O atual não é nem sequer sombra daquele. Não acerta nada e compromete na defesa e no ataque – diante do Ñublense teve falha grotesca que resultou numa bola na trave do Fla e, no lance do gol do Ñublense, foi driblado com facilidade, na entrada da área, e abandonou a jogada.
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É óbvio que os muitos problemas do Flamengo de Sampaoli vão bem além da escalação de Vidal. Mas seu caso é simbólico de como o treinador argentino está perdido, errando nas escalações e nas substituições, além de forçar demais a parte física, o que tem causado uma série de problemas musculares e a exaustão evidente dos que ainda não se machucaram.
Esta é a terceira temporada de Sampaoli no futebol brasileiro. Ele não tem mais o direito de se queixar do caótico calendário, que já conhece de sobra. Mas o “pelado” é o próprio caos em forma de técnico.
Depois de dizer que o bom treinador é aquele que adapta o seu esquema às melhores características de seus jogadores, engessou a equipe rubro-negra em um jogo posicional, tal como Domènec Torrent, Paulo Sousa e Vitor Pereira, todos com retumbantes fracassos em suas passagens pelo rubro-negro.
Em seu sistema, há alas abertos que não vão à linha de fundo, atacantes e meias que aguardam em seus quadrados que a bola chegue até eles e zagueiros que se tornam armadores, sem habilidade para tanto. E tome de toque pro lado e pra trás. Típica tática do arame liso…
Ainda assim, Jorge Sampaoli não é o maior culpado pela tenebrosa fase que atravessa este ano o elenco que, há seis meses, conquistou a Copa do Brasil e a Libertadores. Os maiores responsáveis pela vertiginosa queda de produção são o presidente Rodolfo Landim, o vice-presidente de futebol Marcos Braz e todos os seus acólitos no esculhambado departamento de futebol rubro-negro.
Primeiro, desmobilizaram o elenco por quase 60 dias, depois demitiram Dorival Júnior e, mais tarde, não quiseram esperar por Jorge Jesus. Agora, correm sério risco de eliminação precoce na Copa do Brasil e na Libertadores. Parabéns aos envolvidos.